Os comuns mortais não fazem ideia da pressão que a vida das estrelas exerce sobre elas. Ser inimaginavelmente rico e famoso é uma cruz que, felizmente, nós não temos
Dizem que o general inglês William Erskine, que tinha vindo para Portugal com o exército inglês para nos ajudar na luta contra Napoleão, se atirou de uma janela em Lisboa. Não creio que a culpa tenha sido da cidade. É certo que o grande mérito que se costuma atribuir a Lisboa não é propriamente impressionante. Julgo que é unânime, tanto entre portugueses como entre estrangeiros, que a melhor coisa que Lisboa tem é a luz. No entanto, o modo particular como o sol brilha sobre uma cidade dificilmente será motivo de orgulho. Mais: se a luz é o melhor, quer dizer que aquilo que ela ilumina não é especialmente digno de nota. Por outro lado, contudo, é fácil simpatizar com Lisboa. Parece que, no terramoto de 1755, várias igrejas ficaram destruídas. Mas a rua dos lupanares, ao que dizem os historiadores (que, aliás, deviam dar mais atenção aos lupanares), ficou intacta. Há que respeitar uma cidade em que isto acontece.
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