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Opinião

Tristes trópicos

Por que continua a PSP a insistir em apressar-se a apresentar logo uma versão desculpabilizadora

Poucas coisas seriam tão previsíveis em África como a Frelimo voltar a ganhar as recentes eleições em Moçambique. Ali, como em Angola, desde que ambos os países se tornaram independentes, vai para meio século, nunca os partidos do regime deixaram de ganhar as eleições todas e nunca deixaram de abocanhar o poder todo, fosse pela força da batota eleitoral ou pela força das armas. Na Guiné-Bissau, o partido do regime, o PAIGC — como os outros, legitimado pela Guerra Colonial —, perdeu o poder, mas agora a pátria fundada pelo grande dirigente que foi Amílcar Cabral está capturada por um Presidente fantoche, Sissouco Embaló, que subverteu todas as instâncias democráticas e se passeia pelo mundo de jacto privado na melhor tradição dos ditadores novo-ricos africanos. Das antigas colónias de Portugal em África resta Cabo Verde como exemplo único e notável de um país democrático governado por gente séria e preocupada com o bem-estar do seu povo. Mas, em contrapartida, numa humilhante cerimónia ocorrida em Timor-Leste, deixámos acrescentar ao rol de países integrantes dessa inútil e cara ficção política chamada CPLP um Estado pária, dirigido por um família de criminosos internacionais, chamado Guiné Equatorial. Este último entrou na CPLP a troco de 100 milhões de euros que iria injectar no defunto BPN e das promessas de suspender a pena de morte e incentivar o ensino de português no país. Mas no único local do território onde restam resquí­cios de falantes de português ou da história de Portugal — a ilha de Ano Bom — a repressão dos obiangs está mais feroz do que nunca e o silêncio de Portugal tão pesado como sempre.

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