Educar uma criança é quase sempre a negação do egoísmo darwinista; educar é abrir os olhos do ego para as outras pessoas
Há uma nova avalanche de descobertas científicas que coloca em causa o império darwinista sobre as mentes. Celebro essa derrocada. Não sou materialista, isto é, considero que a humanidade não se move sobretudo por interesses materiais; as ideias, as narrativas e os símbolos são muito mais poderosos. Além desta questão metafísica, há aqui em jogo uma alavanca capaz de mover as placas tectónicas da política. Não compreendemos o fascismo do século XX e este populismo protofascista do século XXI sem o feitiço do darwinismo. O comunista julgava que tinha na sua posse uma tese científica — marxismo — que explicava a história humana. O fascista era e é igual: através da aplicação do darwinismo às relações humanas, o fascismo assumia e assume que a sociedade humana é um mero reflexo da natureza (o fascista é o grande ambientalista); cada tribo tem de afastar os seus inválidos para assim conseguir vencer as batalhas com as outras tribos; é a lei da selva, a tal teoria da evolução assente num gene que só vê sobrevivência e que alegadamente pensa por nós, como se fosse um fantasma escondido que manipula o nosso livre-arbítrio sempre para o lado do poder. A distopia fascista no século XX começou no século XIX com esta visão distópica do homem lançada pela “ciência” darwinista, que, depois, a outro nível, também ajudou a criar o anarcocapitalismo, de Rand a Musk.
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