Transformações corajosas, adiadas há décadas, são necessárias para que os bombeiros tenham o reconhecimento social que merecem e os recursos materiais que precisam para protegerem toda a população
Os bombeiros em Portugal são uma instituição criada no século XVIII que ainda é gerida numa lógica do século XVIII. Ao trabalharem em condições de precariedade financeira e institucional, exercem um trabalho indispensável sem que tenham o devido reconhecimento material ou social.
O Estado, enquanto representante do interesse coletivo, deve assumir o papel insubstituível de garantir a universalidade e a equidade no acesso aos serviços públicos essenciais. Em Portugal, o combate a incêndios, socorro a vítimas, transporte de doentes, proteção civil e prevenção de riscos são exercidos primariamente pelos bombeiros, uma instituição que não pertence à morfologia do Estado. Na sua essência, são um exemplo digno e raro de trabalho associativo – aquele que é exercido generosamente pela comunidade e para a comunidade. As corporações são geridas por centenas de associações sem fins lucrativos. Em outros serviços públicos, como saúde ou educação, o papel garantidor do Estado é complementado por entidades privadas ou associativas. No caso dos serviços prestados pelos bombeiros, o Estado alheia-se das suas responsabilidades primárias.
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