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Opinião

Gulbenkian Namban

Ao contrário do que dá a entender a terraplanagem ideológica WASP da série “Shogun”, a presença portuguesa no Oriente não 
foi só motivada pela ganância

O CAM da Gulbenkian vestiu um belo quimono. Como diz o arquiteto José Ma­nuel Fernandes na revista da semana passada, “a forma curva de Kengo Kuma exprime uma visão transcultural, ao integrar temas arquitetónicos nipónicos no mundo ocidental”. Esta saudável fusão não é nova. Começou já há uns séculos, embora no sentido inverso: os jesuí­tas portugueses criaram no Japão dos séculos XVI e XVII uma fusão linguística, cultural, religiosa e artística. A par dos convertidos ao cristia­nismo, encontramos neste espólio da nossa história a chamada arte Namban, isto é, temáticas portuguesas, cristãs e luso-japonesas pintadas por artistas japoneses, muitos deles convertidos ao cristianismo e posteriormente refugiados em Macau. Ao contrário do que dá a entender a terraplanagem ideológica WASP da série “Shogun”, a presença portuguesa no Oriente não foi só motivada pela ganância. Sim, levámos ganância e violência, mas também levámos espírito, arte e beleza que atravessam culturas e séculos.

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