E, de repente, os democratas descobriram a resposta. Contam com isso para eleger uma mulher para a Casa Branca
A pouco mais de dois meses das eleições, os democratas parecem ter resolvido dois dramas existenciais que pareciam encanitar os eleitores dos tais estados não cosmopolitas que determinam quem vence as eleições presidenciais. De um momento para o outro perdeu a marca de “partido radical” com uma agenda obcecada nos temas de género e raça — que municiavam o lado oposto — e retiravam do debate os temas “essenciais” como imigração, inflação ou comida na mesa, temas que “interessam ao eleitor comum” e permitem ganhar os tais estados fulcrais. Em poucas semanas, e numa sucessão de eventos efeito dominó, os republicanos ficaram destrunfados. A questão da raça foi superficialmente resolvida e um novo modelo de masculinidade apresentado. Não fruto de um estratego genial, mas de um acaso. Estão tão seguros de si que apresentaram o “novo homem” em dois modelos similares: o vice-presidente e o “segundo cavalheiro”. Permitam-me a ironia: há semanas que, dos media anti-Trump a grupos de feministas negras, se exulta o surgimento de uma “masculinidade tónica” contra uma “masculinidade tóxica”. A piada é que não estamos a falar de um jovem fluido da Geração Z ou de um Ser Síntese de géneros. Não. Estamos a falar de dois americanos brancos acabados de chegar aos 60, da tal geração X, um deles advogado e o outro professor reformado. Sim, a América de esquerda descobriu que o modelo de masculinidade que vai salvar o país da toxicidade MAGA é “apenas” o homem que apoia ou até se sacrifica pela carreira da mulher. O que não é pouco, bem sei.
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