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Opinião

A política são opções

Agora, não se trata, ao contrário do que se possa pensar, de divisões artificiais, mas de uma funda separação de águas, entre o PSD e o novo PS, de Pedro Nuno Santos e Alexandra Leitão

Vai longo e fastidioso o debate prévio sobre o Orçamento — aliás, e à falta de melhor, começado muito antes de alguém ter uma pálida ideia sobre as suas linhas gerais. Mas isso também diz muito sobre a inutilidade do debate, mostrando bem até que ponto as grandes famílias político-ideológicas já têm um pré-juízo feito, seja qual for o Orçamento, e que essas ideias não vão além da conjuntura dos próximos meses ou da próxima eleição. Temos, primeiro, o caso esquizofrénico-populista do Chega, que tanto se afirma dentro como fora do debate, tanto alinha mediante contrapartidas inaceitáveis como ameaça partir a loiça toda: não é para levar a sério. Temos, depois, o Partido Comunista, que, seja quem for o secretário-geral e seja qual for o governo, diz e dirá sempre o mesmo: que tudo não passa de políticas de direita, que o PS é igual ao PSD, que o Orçamento visa beneficiar o “grande capital” e os “grandes grupos económicos” e que o essencial são os salários e pensões. E com isto adormecem, com a consciência tranquila do dever cumprido. Na mesma casa ideológica mas com outra inteligência e um pouco mais de imaginação, navega o Bloco de Esquerda, por vezes com críticas certeiras mas soluções irrealizáveis, com propostas bem falantes mas que, fora a satisfação de uma vingança de classe de efeito efémero, não deixaria senão lugar a novo pedido de resgate financeiro. E temos a Iniciativa Liberal ou o Livre, cada um em seu canto, mas ambos tão confusamente inspirados que parecem aqueles peixes que não são nem de rio nem de mar e de cuja textura os chefes da moda inventam cozinhados de forma a que nunca se alcance bem o seu sabor.

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