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Opinião

Como ter uma Birkin. Ou um Rolex Daytona. Leia!

O “luxo”, a última indústria europeia, explora a insegurança cultural de regiões inteiras. Uma ficção simbólica. Por vezes, deliberadamente inacessível

A final, o mundo não mudou assim tanto. Basta fazer uma busca no TikTok por Birkin (a icónica mala da Hermès) e perceber que há um sector de jovens mulheres que continuam obcecadas pela maleta que agora, supostamente, terá um preço base de 10 mil euros para o modelito mais simples. Se conseguissem vislumbrar uma à venda, o que não sucede. Pelo que observei, há umas poucas privilegiadas que têm uma Birkin (ou uma Kelly) e a exibem com um ar enjoado existencialista sem leitura. Há as que, por saberem o que vai acontecer, entram com uma câmara escondida numa loja Hermès e anunciam que estão ali para comprar uma Birkin — o que quase provoca uma síncope ao “AV” (é assim que se diz: assistente de vendas). E há as que devido a tudo isto odeiam as Birkins e demonstram ódio de vários tipos. Os homens do TikTok são mais básicos. Vi vídeos de um russo que, para provar a má qualidade, destrói à mão um Lamborghini Urus de mais de 200 mil euros. E lembro-me de um redneck americano com milhões de seguidores ter levado um Ferrari F40 para o campo e o ter sujeitado a maus-tratos, até se ter incendiado e ficar uma carcaça carbonizada. “Irreverência” em troca de seguidores.

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