Será que o nacionalismo desportivo pode ser considerado uma coisa boa, uma vez que pode extravasar para a violência?
Quando a Inglaterra derrotou os Países Baixos na semifinal do campeonato europeu de futebol no mês passado, os relatores desportivos britânicos saudaram-na como uma vitória “histórica” que iria “mudar a vida de todos nós”. Os comentadores desportivos são conhecidos pelo recurso à hipérbole, é o seu trabalho, mas estas declarações pareceram ridículas. Os países mais pequenos, como os Países Baixos, veem muitas vezes estas competições como oportunidades raras de brilhar no cenário mundial, mas será que o Reino Unido precisa mesmo dessa validação? É óbvio que sim.
O escritor húngaro Arthur Koestler fez uma distinção famosa entre o nacionalismo comum e o nacionalismo futebolístico. Este último, na sua opinião, era o mais forte. Apesar de ser um orgulhoso cidadão naturalizado do Reino Unido, Koestler permaneceu durante toda a vida um devoto do futebol húngaro.
O nacionalismo futebolístico é um nacionalismo de bandeira, tribal e frequentemente agressivo. Os grandes planos na televisão de homens corpulentos nas bancadas, a mostrar os dentes, a bater no peito em tronco nu e a fazer ruídos estridentes, recordam-nos que nós e os macacos descendemos de um antepassado comum.
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