É preciso reconhecer que o sucesso planetário da globalização foi feito às custas dos mais pobres do ocidente
Num podcast do Expresso, Dulce Maria Cardoso deixou uma mensagem importante: é preciso mostrar empatia pelos eleitores do Chega; importa perceber de onde vem aquele ressentimento. Sucede que esta tarefa intelectual, além de ser difícil, é impopular junto da intelectualidade, que continua a não perceber a diferença oceânica entre “compreender” e “desculpar”ou “legitimar”. Eu comecei a escrever sobre o voto trumpista e ‘chegano’ antes de 2016, porque estava a ver as peças em movimento. Apontei a lanterna para esses movimentos e, em consequência, fui alcunhado “racista”, “fascista”, entre outros rótulos do estendal da intolerância da esquerda intelectual. Ou seja, mostrar empatia pelas pessoas que estavam a caminhar no sentido da extrema direita era (é?) visto como uma heresia intelectual. Aliás, agora que penso nisso, a ascenção do Chega no Alentejo e nos subúrbios de Lisboa está no subtexto do meu “Alentejo Prometido”, talvez o livro mais atacado deste século, talvez a campanha de cancelamento mais intensa que colocou de facto a minha carreira em risco.
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