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Opinião

O impasse das intermitentes

O impasse das intermitentes

Luís Mira Amaral

Engenheiro (IST) e economista (Msc Nova SBE)

A canibalização entre intermitentes dificulta o financiamento pelo mercado de novas potências intermitentes

No Governo abri o caminho para as novas renováveis, acabando com o monopólio da EDP na geração de eletricidade e apoiando as mini-hídricas e a eólica. Os Governos seguintes apoiaram a eólica com tarifas políticas (feed in tariffs — FIT) muito generosas e investimentos maciços, esquecendo que já havia muita potência contratada que cobria custos fixos pagos pelo consumidor (CAE e CMEC). A eólica foi-nos então vendida com o fervor religioso típico dos pregadores (neste caso da religião climática) e a ganância habitual do capitalismo de compadrio entre os promotores privados e o Estado. Agora sonham com uma rede só com renováveis, típico dos fundamentalistas, que, como sabemos da política, querem ser os únicos em cena… A hidroeletricidade (fonte renovável) não entrou em Portugal a querer salvar o planeta, reconhecendo-se sempre a utilidade do complemento térmico. O mesmo deveria acontecer com a eólica e a solar. Temos num ano 8760 horas, a eólica tem a produção limitada a 2000-2700 horas e a solar apenas produz em 1600-2000 horas. No fundo, cerca de dois terços das horas sem produção, e para atingir a autossuficiência só com estas intermitentes teríamos de aumentar muito a potência instalada e rezar para que a evolução tecnológica permitisse tecnologias de armazenamento para os excessos de produção, os quais seriam depois injetados na rede quando não houvesse produção.

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