É extraordinário que os aliados dos Estados Unidos, na Europa e não só, não tenham sido capazes de se preparar para o regresso de Trump e tenham apostado cegamente no cenário único de uma derrota militar da Rússia na Ucrânia
O penso na orelha de Donald Trump deve ser o voto que faltava para a sua reeleição em Novembro próximo. Na história dos assassínios políticos nos Estados Unidos, só os maus escapam com vida: Reagan, Wallace, Trump... Os bons caem sem remissão: Lincoln, J. F. Kennedy, Robert Kennedy, Martin Luther King... Também não é costume que na sociedade de pistoleiros em que a National Rifle Association transformou a América, com o apoio do Partido Republicano, os atiradores solitários falhem o alvo, e este não falhou: o tiro foi de uma tal precisão que à custa de um milímetro de orelha fez de Trump um herói destemido e um candidato imparável. Logo depois, Trump apresentou à Convenção Republicana o seu candidato a vice-presidente, J. D. Vance, um vira-casacas com a estupidez e o oportunismo escritos na cara, mas que tem várias vantagens: ao contrário do multimilionário Trump, vem de uma família humilde, representa um estado, o Ohio, do rust belt, decisivo para a eleição, e parece disponível para o papel de cão raivoso, deixando para Trump um inovador discurso de unidade. Trump o vingativo poderá agora reciclar-se em Trump o conciliador, tanto mais que os juízes federais e do Supremo, por si nomeados, acabam de torpedear quaisquer hipóteses de o apresentar perante a Justiça antes da eleição. Imune perante a lei, imune perante as balas, Trump estará de volta para governar o mundo até 2029.
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