As cláusulas de rescisão dos futebolistas atingem valores estratosféricos — e esotéricos. Faz lembrar alguns unicórnios famosos
Todos nos impressionámos com os dribles de Lamine Yamal. O futebolista espanhol que chegou ao Europeu ainda com 16 anos e, quatro dias antes de dobrar os 17, ajudou a virar a meia-final contra a França. Melhor jogador jovem do torneio e sério candidato a Bola de Ouro nos anos mais próximos. Mas o craque do Barcelona tem ainda outra particularidade que o afasta dos demais: tem um dos maiores rácios cláusula-salário do planeta. Nas empresas calcula-se o PER (price-earnings ratio) para relacionar a sua cotação de mercado com o lucro que gera. É uma forma de medir eventuais valorizações excessivas. Os futebolistas não são empresas e os seus resultados dividem-se entre o que produzem dentro do campo e o dinheiro que dão a ganhar fora dele. Não é possível calcular o PER, mas podemos usar outro indicador para encontrar discrepâncias nos seus contratos: o rácio entre a cláusula de rescisão e o salário que auferem. Valores muito elevados significam que recebem muito pouco face ao limiar em que o clube coloca a sua possibilidade de saída. É uma forma de medir quão presos estão a contratos e como isso os impede que terem salários ‘justos’. Yamal tem uma cláusula de €1000 milhões e recebe €1,7 milhões anuais (fora prémios). Dá um múltiplo de 588.
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