Quando recebi o convite para ir a Roma pensei no que a minha avó diria. Creio que tentaria telefonar para o Vaticano, para dizer: “Têm a certeza?”
O Papa convidou cerca de 100 palhaços de todo o mundo para irem ao seu encontro e os palhaços resolveram aceitar o convite. Julgo que foi a decisão certa. A vetusta solenidade do Vaticano não podia ter menos a ver com comédia, e os palhaços nunca devem perder uma oportunidade para estarem onde não devem. À hora marcada, os palhaços aglomeraram-se junto à Porta del Perugino, e Fábio Porchat, da comitiva brasileira, fez a pergunta que nos intrigava a todos: porque teremos sido convidados? Eu disse: “Há 500 anos seria para nos cortar a cabeça, Fábio, mas agora não. Acho eu.” E respirei fundo, para tentar perceber se alguém estava a atear uma fogueira nas proximidades. Não me cheirou a fumo, mas lembrei-me da frase que os padres que me educaram repetiam várias vezes: “Graças a Deus, muitas; graças com Deus, nenhumas.” Talvez tivesse chegado a Roma a notícia de que eu não tinha cumprido esse preceito.
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