A pergunta crucial não é se os cientistas fazem melhores políticos, mas se os políticos entendem e aplicam o método científico nas suas decisões
Claudia Sheinbaum Pardo é uma cientista e política mexicana que foi chefe de governo da Cidade do México (2018-2023) e foi eleita recentemente Presidente do México. A 1 de março deste ano, no discurso de lançamento da sua campanha, subiu ao palco diante de milhares de pessoas reunidas no El Zócalo e foi clara sobre o seu potencial apoio à ciência naquele país: “Faremos do México uma potência científica e de inovação. Para isso, apoiaremos as ciências básicas, naturais, sociais e humanas. E vamos vinculá-las com áreas prioritárias e sectores do país.” Não é a primeira (nem será a última) política que promete mundos e fundos para a ciência. Aliás, como já escrevi neste espaço várias vezes, a ciência está sempre na boca dos políticos. No entanto, do discurso à ação, vão anos-luz. E, por isso, não me vou focar nesta linha de pensamento. Pessoalmente, acreditando numa sociedade verdadeiramente baseada no conhecimento, prefiro questionar-me se o facto de Sheinbaum Pardo ter uma formação científica, em física e engenharia ambiental, se traduzirá numa liderança política eficaz e em decisões baseadas em evidências. Ou seja, se os cientistas fazem bons políticos. E não estou sozinha. A revista científica “Nature”, uma publicação lida principalmente por cientistas de todo o mundo e que inclui artigos dirigidos também a curiosos de ciência, dedicou um artigo e um questionário à comunidade científica sobre este assunto.
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