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Opinião

Um só santo da Internet não chega

Os ultraconservadores querem a Igreja Católica de volta. 
É que os EUA caíram nas mãos dos nacionalistas cristãos

Não que a internet tenha salvação divina, mas pelo menos já tem um padroeiro. Ainda não é santo, mas está bem encaminhado. O Papa Francisco já lhe reconheceu um segundo milagre — essencial para se chegar à santidade, e talvez este ano o Vaticano despache a papelada. O primeiro milagre foi a “cura de uma criança após tocar numa relíquia do beato no Mato Grosso do Sul, Brasil”. O outro foi em 2020, quando um “rapaz com uma ‘malformação’ do pâncreas se curou”. O “Influencer de Deus”, o “Santo Millennial”, é um rapaz italiano que morreu em 2006 com 15 anos e está exposto aos devotos em Assis, Itália, de jeans e ténis Nike (e uma máscara de silicone). Desde muito novo, soube que tinha uma leucemia fatal e dedicou-se aos computadores (é descrito como um prodígio) e ao culto mariano. Sem querer demonstrar nenhum cinismo ateu (os artigos de jornais anglo-saxónicos descrevem o processo de canonização de forma bastante maldosa, nomeadamente na questão de se “rezar a um morto que fala com Deus”), sem querer ser acintoso, Carlo Acutis, o “Santo da Internet”, vem preencher uma vaga que se abriu. A Igreja Católica não tem falta de santos nem de milagres. A questão da internet (talvez incluir a IA, dado que pode ser o Armagedão) estava por preencher. E bem que precisa.

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