Percebe-se a preocupação com os jovens, mas soluções fiscais que promovem a desigualdade e o idadismo não parecem a melhor solução. E talvez nem funcionem
Bem sei que no pacote de medidas para a juventude que o Governo aprovou na semana passada há algumas dirigidas a grupos mais desfavorecidos (como o alojamento universitário ou as bolsas para trabalhadores-estudantes). Mas é difícil olhar para as principais medidas e não encontrar graves problemas de equidade. A começar na segregação etária: benefícios fiscais para quem tem menos de 35 anos não parece respeitar princípios tão básicos como a igualdade ou não discriminação. Escandalizamo-nos, e bem, quando está em causa discriminação com base no género, orientação sexual ou origem étnica, e esquecemo-nos de que o idadismo é um problema semelhante. O Código do Trabalho proíbe-o expressamente, por exemplo. Pelos vistos, se for o Estado a fazê-lo, ninguém se choca. Sendo que, além da questão fiscal propriamente dita, esta distinção pode ser ela própria um fator adicional de discriminação no mercado de trabalho.
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