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Opinião

Dias de raiva

A ira enquanto motor civilizacional? Sim, se o modelo das redes 
sociais se baseia em provocar raiva. O resultado está à vista

Pancadaria, carros a atirar-se para cima de outros carros e a ficarem totalmente danificados; e sim, tiroteios entre condutores. É um fartote. Quase tudo homens. Há umas Karens americanas. Bem sei que o que o TikTok mostra (e o Reels do Instagram) não é o “Real”. Obviamente. Mas a raiva que ali se vê existe no real. Há um universo infindável de filminhos sem contexto de “road rage” — “raiva no trânsito” — que mostram como pequenos incidentes podem levar à agressão, que, vista de fora, é patética, ou a carros usados como “armas de ataque”, e mesmo à criação de uma nova categoria: o “tiroteio de raiva no trânsito”. Mais nos Estados Unidos, dado o amor ao direito de usar armamento de guerra no automóvel. E o que podia ser apenas uma permutação de insultos acaba numa troca de tiros no meio de uma autoestrada. Há um sem-número de clipes de “raiva em aviões”, em que passageiros se esmurram — variações num quotidiano cheio de momentos em que pessoas perdem a cabeça, seja numa caixa de supermercado ou num balcão qualquer. Podem alegar que o que se está a ver é uma junção de clipes de todo o mundo e que, hoje em dia, assim que algo dramático se passa, saca tudo do telemóvel. Logo, há de tudo aos magotes.

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