Cada político do PS é, na prática, dois políticos do PS. Convém que os eleitores saibam em qual deles estão a votar
Um dos mais divertidos problemas dos candidatos do PS é o de rejeitar a herança do Governo anterior e ao mesmo tempo reclamar os méritos do Governo anterior. É um admirável exercício de funambulismo que entretém e encanta o espectador. A solução é tentar impor a narrativa segundo a qual este PS é completamente novo e diferente do anterior na medida em que teria sido favorável a tudo o que correu bem, e ter-se-ia oposto a tudo o que correu mal. Se o cidadão não aprecia o trabalho do Governo anterior, deve votar no actual PS, que também não teria governado assim; se o cidadão aprecia o trabalho do Governo anterior, deve votar no actual PS, que é o seu legítimo herdeiro. Não há ninguém menos parecido com António Costa do que Pedro Nuno Santos, tanto que até saiu do Governo e adoptou uma postura bem crítica no seu espaço de comentário na SIC Notícias. Por outro lado, não há ninguém mais parecido com António Costa do que Pedro Nuno Santos, tanto que até integrou o Governo anterior com muito orgulho.
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