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Opinião

Vergonha na face ao ano passado

As medidas populistas efectivas podem ser perigosas, mas as medidas populistas a fingir têm a grande vantagem de não desequilibrar o orçamento

Quando o primeiro-ministro disse que o Governo ia introduzir uma medida que proporcionaria “uma diminuição global de cerca de €1500 milhões nos impostos do trabalho dos portugueses face ao ano passado”, não mentiu. Somando a redução de €1327 milhões que já estava em vigor à descida de €173 milhões decidida agora, o resultado é, de facto, uma diminuição de €1500 milhões face ao ano passado. Este modo de anunciar medidas permite antecipar outros projectos de Luís Montenegro. Por exemplo, é óbvio que, com este Governo da AD, teremos duas novas pontes sobre o Tejo face a 1960. E Lisboa poderá contar com um novo e imponente mosteiro em gótico manuelino face a 1500. Tudo isto é excelente — menos face às expectativas. Depois de ter passado a campanha eleitoral a prometer um vigoroso choque fiscal, Montenegro revela que, afinal, o choque consiste apenas em €173 milhões além do que já estava decidido pelo Governo anterior. É, no máximo, um daqueles choques de electricidade estática. Não é propriamente transformador, limita-se a causar irritação.

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