Israel vai tornar-se ainda mais solitário e perigoso numa guerra anunciada e adiada
O homem chamava-se Lawrence S. Eagleburger. Secretário de Estado-adjunto. Era o enviado especial dos Estados Unidos e de George Bush (pai) a Israel com a missão impossível de impedir que Israel entrasse na chamada Primeira Guerra do Golfo. Tal como agora, Israel estava a ser atacado diariamente com mísseis vindos do Iraque, os SCUD que causavam vítimas e destruição de casas, mas não continham gás nas ogivas, a ameaça maior. Tal como agora, as sirenes soavam e os israelitas recolhiam aos abrigos, com máscaras de gás, donde só estavam autorizados a sair depois de confirmada a inexistência de veneno na atmosfera. A ansiedade que isto provocava na população era considerável, tanto mais que a palavra gás letal desperta memórias no povo hebraico. Muitos judeus sobreviventes do Holocausto tinham regressado a Israel de vários países na Europa, dispostos a irem morrer em Israel. Evitei o gás a primeira vez, agora não o quero evitar. Estou velho, quero morrer no meu país com o meu povo. Era o que diziam. Viajei no último avião da Suíça para Telavive, fretado por eles, que entrou no fechado espaço aéreo de Israel, aberto só para os deixar aterrar.
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