No IRS, Montenegro demonstrou estar mesmo empenhado em manter as contas certas. A má notícia é que pode haver promessas que fiquem aquém do esperado
O episódio da redução de IRS mostra como Luís Montenegro tinha já um problema de credibilidade quando chegou ao Parlamento para defender o seu programa do Governo. E a verdade é que o conseguiu resolver ao fim de dois dias de debate. Problema: trocou-o por outro, porventura mais grave e duradouro. A forma como a “ambiguidade” de Montenegro foi rapidamente interpretada, de modo quase generalizado, como uma descida de €1500 milhões a somar ao que já está em vigor, resulta da narrativa da campanha eleitoral mas também da escassíssima confiança na preocupação do Governo com o equilíbrio orçamental. Lembramo-nos como a garantia do “não é não” em relação ao Chega custou a entranhar-se. Na preocupação orçamental aconteceu o mesmo. Por isso, a aparente generosidade no IRS soou a música celestial — para quem votou AD convencido de que assim seria, e agora se poderá sentir defraudado, e para todos os portugueses que pagam (muitos) impostos.
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