Por fora sou uma pessoa normal, faço o que é suposto, cumpro todas as minhas obrigações cívicas, familiares, financeiras, até voto e depois arrependo-me, enfim ninguém desconfia do que vai cá dentro. Também não comecem já a imaginar coisas esquisitas, não deliro, não faço bruxedos, não espetos agulhas em bonecas parecidas com gente que me chateia. O problema é o que sinto. Por vezes, não tenho mesmo a certeza se sinto alguma coisa. Estou a falar daquilo que se convencionou chamar sentimentos amorosos. Sei que não há uma definição, uma vez fui a um psiquiatra, daqueles que acham que percebem do amor, que me disse que é a melhor coisa do mundo, mas também a mais lixada e que é um misto de atração, amizade, solidariedade e outros bons sentimentos, que não discriminou. Que me desculpem os crentes, mas é a mesma treta que acreditar na vida depois da morte.
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