Tratamentos agressivos podem trazer riscos significativos a longo prazo, incluindo problemas cardiovasculares e até mesmo cancros secundários
Nos corredores do Hospital de Santa Maria os oncologistas testemunham de há uns anos a esta parte um fenómeno preocupante — jovens adultos a serem diagnosticados com tipos de cancro que até recentemente eram sobretudo associados a pessoas mais velhas. Inicialmente, quando as observações eram feitas esporádica e separadamente, muitos pensaram que o aumento dos rastreios poderia estar na base destas observações. Mas os dados estatísticos confirmam agora o que diferentes médicos observaram ao longo dos últimos anos nas mais diversas partes do mundo, desafiando as noções convencionais sobre quem está em risco. Os números não enganam. Globalmente, os casos de cancro em adultos com menos de 50 anos estão em ascensão e são realmente alarmantes: de 1.820.000 casos globais de cancro abaixo dos 50 anos em 1990 para 3.260.000 casos em 2019, um aumento de 79%. E as previsões são sombrias, com um aumento projetado nestes casos de cerca de 30% entre 2019 e 2030. Nos Estados Unidos, por exemplo, o cancro colorretal, que anteriormente afetava principalmente homens com mais de 60 anos, tornou-se a principal causa de morte por cancro em homens com menos de 50 anos. E entre as mulheres jovens tornou-se a segunda causa de morte por cancro. Em Portugal, o número de casos de cancro da mama em mulheres jovens está visivelmente a aumentar.
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