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Opinião

Trabalhos do olhar

Começar por ter um certo nojo é pôr a resistência antes da rendição. Ou o reconhecimento do medo que o amor provoca, ou daquilo que nem amor é: o olhar do outro

Juliette é namorada de Thomas. Têm 15 anos, ele e ela. Mas Thomas é um miúdo, alegre e tímido, sem jeito, e um pouco obtuso, enquanto Juliette é atenta e astuta. Quando vemos uma fotografia de Rimbaud na mesa de cabeceira dela, percebemos que, ao contrário do famoso verso, se pode ser terrivelmente sério quando se tem 17 anos, 15 no caso. Juliette é tão determinada, mesmo quando a determinação parece lúdica, que, obrigada a passar umas férias de Verão com o namorado na companhia do pai dele, decide seduzir o homem mais velho, supostamente para se livrar dele, para que ele os deixe em paz. E convence-se a si mesma de que “tudo o que faço é por vontade do Thomas, embora ele não me peça nada”.

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