Os dois grandes partidos têm de perceber se aquilo que lhes interessa mais preservar é o bipartidarismo ou a democracia
Em 1901, o bipartidarismo português — entre regeneradores de Hintze Ribeiro e progressistas de José Luciano de Castro — estava já abalado pelo crescimento dos republicanos e entrou em crise pelo aparecimento de uma cisão dos regeneradores, mais à direita, que deu origem a um novo partido, os Regeneradores Liberais, de João Franco, a quem o rei D. Carlos viria a seu tempo a dar poderes ditatoriais. Em pânico, os líderes dos dois grandes partidos do sistema, a que então se chamava “rotativismo”, e em que ambos iam alternando no poder, decidiram alterar a lei eleitoral para impedir o crescimento dos emergentes. À primeira vista, resultou. Nas eleições seguintes os republicanos não elegeram e os “regeneradores liberais” elegeram apenas um deputado. Até 1906, o “rotativismo” bipartidário aguentou-se. Mas depois João Franco teve a sua ditadura e, a seguir, os republicanos a sua República. O sistema bipartidário que tinha aguentado cerca de 70 anos finou-se e, pouco depois dele, o próprio regime.
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