Tendo testemunhado todo o esforço que Marcelo tem feito, é possível que os portugueses gostassem que o presidente descansasse um pouco
O Presidente da República adora estabilidade. Sempre que dissolve o Parlamento, é em nome da estabilidade. Quando envia um recado pela imprensa, sem dizer que é ele mas de modo a que toda a gente perceba que é, fá-lo em nome na estabilidade. A estabilidade está sempre acima de tudo. Por exemplo, a única maneira de obter estabilidade era convocar eleições. Mas a ânsia por estabilidade é tal que o Presidente começou a reunir com os partidos ainda antes de serem conhecidos os resultados das eleições. É o equivalente a dizer: não há nada para comer, e por isso tenho de ir ao supermercado, mas vocês comecem a jantar antes de eu chegar com as compras. Isto depois de ter dissolvido o frigorífico, que estava cheio. E de ter dito ao Expresso que o supermercado devia ter as prateleiras organizadas de outra maneira. Pugnar pela estabilidade dissolvendo parlamentos e enviando recados pelo jornal é como proteger o sono das pessoas andando pela cidade entre a meia-noite e as oito da manhã a gritar: “Tudo calado, por favor! Que ninguém pense em fazer ruído! Há gente a dormir! Pouco barulho! O silêncio é muito importante!”
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