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Opinião

A revolução chunga

O pai que educa o filho no respeito pela boa educação e pela instrução académica é visto como um totó, porque o que vende é a revolução chunga contra o sistema

Um Bairro de Nova Iorque”, de Robert de Niro, é um dos filmes da minha vida no sentido em que ajudou a formar a minha visão do mundo. Tal como o garoto do filme, vivi em bairros complicados marcados pela guerra civil entre pobres que De Niro disseca no filme. De um lado, está a pobreza austera e decente, que trabalha dentro da lei e que sobe a pulso na vida, é o lado do pai (Robert de Niro); aqui valoriza-se a honestidade, a recusa da violência e da vulgaridade. Ao contrário do que pensam os snobes da corte, ser pobre não é o mesmo que ser vulgar ou chunga. Do outro lado, está precisamente o lado chunga e mafioso (Chazz Palmenteri) que cultiva um modo de vida à parte, dentro ou fora da legalidade; é uma mundividência que preza uma agressividade constante contra “eles” (a elite) — é a vulgaridade chunga que não acredita na existência de uma verdade empírica ou moral. Só existe a verdade “deles” e a verdade dos pobres, que, ora essa!, têm de se desenrascar como podem. Ou seja, o chunga faz o favor de validar a visão dos snobes.

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