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Opinião

A IA pode matar a democracia já em 2024

Não acredito em nada que vejo e ouço. Tudo o que um político diz é falso. Ou não. A verdade morreu

Há umas semanas, começaram a surgir nas redes sociais americanas umas imagens de Trump, sorridente, sentado num alpendre com uma família negra a posar feliz. A legenda alegava que o candidato a Presidente tinha parado a sua comitiva para conviver com aquelas pessoas. Acontece que essa e outras imagens similares eram falsas — criadas por inteligência artificial. Nem sequer foram produzidas pela sua campanha, mas por um radialista pró-Trump. E foram denunciadas. Mas Trump não teve problema em as publicar sem nenhuma referência a serem falsas. Nem essas nem as de ele a rezar ajoelhado com a luz da catedral a bater-lhe na cara a dar-lhe um toque de santidade (embora tivesse seis dedos). Ou a posar ao lado de Martin Luther King numa foto a preto e branco, supostamente em 1968, embora Trump só tenha aí menos uns 15 anos do que tem agora. Para quê desperdiçar imagens tão boas, se bem que falsas? Há dias, um movimento republicano anti-Trump fez uma recolha de imagens em que se vê o ex-presidente a “quase cair, a perder-se no discurso, a enganar-se vezes sem conta e a dizer patetices” — exatamente do que acusa o seu adversário Joe Biden. Trump reagiu a dizer que se tratava de imagens falsas feitas por inteligência artificial só para o fazer tão patético como Biden. Não eram. Eram verdadeiras. Como ninguém, Trump sabe usar o que se chama de “dividendo do mentiroso”. O mentiroso ganha sempre. Já foi assim com as fake news. Quando o acusaram de as disseminar, ele acusou os adversários de serem os criadores das fake news, até ninguém perceber do que se falava.

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