A política tem um lado lúdico e imediatista, mas é um assunto sério que define o presente e o futuro de uma nação
A eventual falta de pontaria das sondagens ou o seu acerto após vários anos de tiros ao lado não é a minha maior preocupação nestas eleições. Inquieta-me mais que as percentagens sobre a abstenção eleitoral não sejam rigorosas e empolem este fenómeno. Segundo um estudo da Fundação José Manuel dos Santos, publicado no ano passado, a taxa de abstenção nas eleições legislativas de 2022 teria sido de 35%, e não de 42%, se tivesse sido levado em conta o número real de residentes no país e não apenas os eleitores recenseados. Ou seja, há um sobrerrecenseamento que se explica pela emigração: os eleitores deixam de viver em Portugal, mas continuam inscritos nos cadernos eleitorais nacionais, em vez de se inscreverem num consulado do país onde vivem — quando chega o dia de votarem, como não estão cá, não votam, e esta ausência inflaciona os números da abstenção.
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