Um cordão sanitário, para ser sanitário, exige um nó de cada lado. Se Montenegro apertou o seu em setembro, Pedro Nuno seguiu-lhe o exemplo esta semana
Excetuando o excesso de entusiasmo em torno de comentários e avaliações, nada houve de surpreendente nos debates de 2024 além da seguinte novidade: a esquerda, com o PS à cabeça, deixou de ter como estratégia confundir a direita democrática (a AD) com a direita extremada (o Chega). Tanto Pedro Nuno Santos como Mariana Mortágua, num bem-vindo regresso à realidade, puseram termo à tentativa de amalgamar as direitas, abdicando — veremos até quando — de colar Luís Montenegro a André Ventura. Pelo contrário, ambos fizeram por isolar este último, referindo que ninguém deseja conversar com ele. O “não é não” de Montenegro surgia aparentemente assimilado por aqueles que sempre suspeitaram da sua veracidade. O cordão sanitário que fora espezinhado após os resultados nos Açores (“É praticamente impossível que o PS viabilize um Governo da direita”, dizia Pedro Nuno no início do mês) seria ressuscitado pelo próprio Pedro Nuno, 16 dias mais tarde: “Se não ganhar, por humildade democrática, o Partido Socialista não apresentará nem viabilizará uma moção de rejeição”, anunciou no debate desta segunda-feira.
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