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Opinião

O último sorriso

O último sorriso

José Gameiro

Psiquiatra e piloto

Três dias antes disse-me, isto demora e está tudo à minha volta à espera

Não creio ter conhecido, ao longo da vida, alguém tão tolerante, tão pouco corrosivo em relação aos outros, tão aceitante da diversidade humana. Dizer mal, com ele, não era aceitável, ouvia e não ligava nenhuma, mudava de conversa — e se fôssemos tomar um copo? Fomos amigos 46 anos, devemos ter viajado milhares de quilómetros juntos, a fazer formação em todo o país. Eu guiava e tentava demonstrar-lhe que conseguia que o seu Audi fizesse consumos de três litros aos cem. Apostávamos o jantar e eu ganhava quase sempre, mas comíamos tarde e a más horas. Fizemos muitas “pernas” de avião, a única emergência que tive na vida, foi com ele, cumpriu rigorosamente as instruções que lhe dei. Não tinha medo nenhum, aterrou comigo, uma das primeiras vezes, numa pista de terra batida no Alentejo, que tinha a largura do avião. Valia-lhe ter sido oficial do Exército.

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