É verdadeiramente chocante que a despesa pública corrente primária continue sempre a subir enquanto a qualidade dos serviços públicos vai sempre a descer
Os crescimentos do PIB em 2022 e 2023 e a subida das exportações para 50% do PIB levaram alguns a falar numa mudança estrutural sem necessidade de reformas para aumentar o PIB potencial. Não penso assim, pois persistem importantes questões estruturais, designadamente ao nível da produtividade, que continuarão a condicionar a prazo os nossos níveis de criação de riqueza. Os resultados da conjuntura não nos devem fazer esquecer esses sérios problemas estruturais. Sem ser exaustivo, citarei: evolução da produtividade, que apenas cresceu 4,1% entre 2015 e 2022; degradação da produtividade relativa, que caiu de 78,4% da média da UE em 2015 para 74,8% em 2022; défices de capital, tendo o capital por trabalhador diminuído 9,8%, passando de 62,7% da média da UE para 50%.Tal é responsável pelo fraco aumento da produtividade e é travão ao aumento dos salários; níveis insuficientes de investimento público e privado, em que o clima de negócios não incentiva o investimento privado nem a captação de IDE, e em que a partir de 2015 o investimento público foi travado para se controlar o défice público; dificuldades de retenção do capital humano, levando à saída dos jovens mais qualificados e à entrada de indiferenciados, o que leva à degradação do capital humano por trabalhador e consequente travão ao aumento da produtividade.
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