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Opinião

V Império

As rodas dentadas da sociedade, aqueles que estão no porão e na sala de máquinas, já dependem em absoluto destas pessoas que procuram em Portugal uma vida melhor

Estou no meio de uma mudança de casa. Tenho de acordar pelas cinco e tal para conseguir trabalhar antes do início do inferno logístico. Não tenho nada na casa nova, tenho de sair para tomar o pequeno-almoço. A esta hora só está aberto o café mais humilde que serve os invisíveis, as empregadas, os trabalhadores do mercado, os padeiros, os alcoólicos que bebem duas minis para abrir a pestana enquanto eu bebo o meu galão. Há 40 anos, esta cena popular só teria portugueses, agora é uma mistura em que os portugueses até estão em minoria. A dona do boteco é brasileira, tem o sorriso evangélico de quem sabe que Jesus te ama, meu ’mor!, fala pelos cotovelos sobre as diferenças igrejas do menu evangélico enquanto distribui o menu da manhã pelos clientes. É uma proselitista simpática. Ao balcão estão dois brasileiros; na mesa duas raparigas de leste; chega uma família portuguesa que não tem outro remédio senão andar com o filho de um lado para o outro a estas horas — o sol ainda vai demorar mais de uma hora a nascer. A senhora brasileira derrama aquele mimo lusófono no cangote da criança — e eu penso: estamos safos, isto vai lá,

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