Esta semana, numa aula de uma das unidades curriculares que leciono, proporcionou-se um saudável diálogo com os estudantes, sobre alimentação e hábitos de vida saudáveis. Falámos, discutimos ideias e procurei sensibilizá-los para a importância de nos sentirmos bem connosco próprios e de contribuirmos para o nosso bem estar físico e psicológico.
Quando esta aula chegou ao fim, senti que, se tivesse feito a diferença na vida de pelo menos um daqueles estudantes, já teria valido a pena. Também refleti sobre o quão, de facto, é importante que as aulas abordem não só conteúdos e se baseiem não apenas na transmissão de conhecimentos, mas que também sirvam o propósito de aprendermos em conjunto, em grupo, discutindo ideias de forma salutar, confrontando opiniões e abrindo novos horizontes.
Todos os professores deveriam ter espaço para este tipo de diálogo com os alunos, não existindo apenas um longo programa a cumprir, mas também a oportunidade de conferir o verdadeiro valor à palavra “educação”. Há quem considere que a educação é algo que se dá em casa e que, na escola, os professores só deverão transmitir conhecimentos. Não poderia estar mais em desacordo. Evidentemente que em casa deverão ser criadas as bases, os valores que nos estruturam e nos orientam como pessoas. Contudo, a escola também deverá ser um espaço reservado ao crescimento pessoal, com programas menos extensos e que deixem margem para que temas importantes sejam objeto de reflexão conjunta.
Na verdade, o ato de pensar em grupo e de falar em contexto de aula sobre temas importantes aproxima professores e alunos. Com isto, quero dizer que o professor já não é apenas um desconhecido que transmite conteúdos, nem os alunos são meras pessoas estranhas a quem este ensina. Há, pois, muita história de vida que desconhecemos em cada aluno e em cada professor. Parece-me, pois, muito positivo que este último, com a sua experiência, convide os alunos à reflexão e a oriente sempre que, de forma natural, um tema surja no contexto dos conteúdos lecionados, mesmo que essa discussão não tenha sido prevista ou planificada. É preciso, pois, que haja flexibilidade da parte do professor para reorientar o rumo que a aula estava a seguir, sempre que encontre um caminho mais profícuo para a aprendizagem.
A educação está em todo o lado e, por isso, muito mais importância deveria ter no nosso país, como um dos pilares da sociedade. Poucos são, na verdade, os indivíduos que, como os professores, têm, diariamente, à sua frente, vários alunos para o ouvir, os quais serão os homens e mulheres de amanhã. Não podemos, de forma alguma, desperdiçar este privilégio e oportunidade com coisas inúteis que não motivam nem o professor nem os seus alunos. Todos têm de estar motivados neste processo, para que a verdadeira aprendizagem ocorra.
O que pretendemos, afinal, é fomentar a humanidade e a sensibilidade num mundo cada vez mais desumano, assim como acordarmos nos jovens o pensamento crítico e o ímpeto de ação perante o outro e o contexto social em que vivem. Contudo, pouco podemos fazer se o próprio Estado e a sociedade em si delegarem a educação para segundo plano. Precisamos, por exemplo, do apoio dos meios de comunicação social para que se aborde mais os temas ligados à educação e se desperte a consciência social sobre os mesmos. Como podemos evoluir num país em que se dá mais palco ao futebol do que à educação? Creio que esta é uma questão sobre a qual temos todos de refletir.
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