É confrangedor ver a Europa, a um ano e pouco de ficar sozinha neste mundo da geopolítica para adultos, como sempre desorientada, sem liderança nem pensamento estratégico
O sistema internacional do pós-guerra acabou no dia 24 de fevereiro de 2022, quando as tropas da Federação Russa invadiram o território de um país soberano seu vizinho, a Ucrânia, para tomar a sua capital e anexá-lo parcial ou totalmente. O facto só surpreendeu quem não levou a sério o ensaio de história amadora que Vladimir Putin publicara no verão anterior, “Sobre a unidade entre russos e ucranianos”, em que, no essencial, ele defendia que russos e ucranianos eram o mesmo povo.
Como com qualquer compromisso em crise, há muito que os sinais de desgaste eram claros. Os georgianos podem dizer, com razão, que o fim do sistema internacional do pós-guerra se deu em 2008, quando a Federação Russa provocou um conflito que resultou na criação de duas pseudorrepúblicas separatistas no território da Geórgia. Os moldavos também podem dizer, com razão, que o “conflito congelado” da Transnístria já dura desde os anos 90. E os palestinianos podem dizer que ninguém lhes faz justiça desde o imediato pós-guerra, o que faria do próprio sistema internacional uma hipocrisia desde o início.
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