Pesadelo populista termina no país com a derrota do partido Lei e Justiça após oito anos de Governo. No entanto, ainda passou pouco tempo desde as legislativas e o futuro Executivo de Donald Tusk terá tarefas árduas pela frente
Estar em Varsóvia no domingo à noite permitiu-me viver um raro momento de alegria política. Jovens eleitores fizeram fila até de madrugada para afastarem os populistas nacionalistas e xenófobos que andaram a puxar o país para trás, provando que até uma eleição injusta pode ser ganha, contra todas das probabilidades, voltando a Polónia para um futuro moderno e europeu. Os vizinhos traziam bebidas quentes para apoiá-los na noite fria (Quem já estava na fila às 21h, hora de fecho das urnas, podia esperar para votar, mas alguma das filas eram muito longas). Entrevistado por volta da 1h da manhã de segunda-feira, um jovem em Breslávia dizia ter aguentado por ser esta a eleição mais importante desde 1989.
Fui a uma assembleia de voto em Varsóvia no dia das eleições, com velhos amigos a quem acompanhara na votação histórica de 4 de junho de 1989. Deleitados, cada um escolheu um nome da longa lista de candidatos a deputados. Com igual deleite, recusaram-se a aceitar o boletim de voto para o referendo realizado em simultâneo, o qual — com as suas perguntas ridiculamente enviesadas sobre coisas como um alegado ‘mecanismo de relocalização forçada’ de imigrantes ilegais, supostamente ‘imposto pela burocracia europeia’ — era, na verdade, propaganda eleitoral do partido governante Lei e Justiça (PiS). Os meus amigos e eu estávamos, ainda assim, cheios de nervos, na expectativa.
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