Opinião

Casas portuguesas com certeza

Casas portuguesas com certeza

Alain Gross

CEO da promotora imobiliária Solid Sentinel

Os desafios da nova construção prendem-se com a necessidade de corresponder a elevadas expectativas e, ao mesmo tempo, obriga a estabelecer vários equilíbrios e exigências que não estavam entre as prioridades até há poucos

Quando se avança para um projeto de construção, sobretudo quando o mesmo se concretiza fora dos grandes centros urbanos, uma das questões que se impõe é garantir o equilíbrio entre as expectativas empresariais das promotoras imobiliárias, assim como das construtoras, e os valores patrimoniais e históricos da população residente. Isto significa que, para construir mais, é importante reconhecer a importância das particularidades culturais de cada região, cidade e localidade, para que possamos preservar a sua história e identidade.

Se por um lado, a construção de novos edifícios pode ser essencial para criar mais habitação fora dos centros urbanos, gerar novos postos de trabalho e estimular a economia, por outro, existe também a possibilidade de causar alguma inquietação na população local.

Neste sentido, é fundamental garantir o envolvimento das comunidades, através do diálogo aberto entre todos envolvidos, - representantes do setor imobiliário, autoridades locais e população - de forma a garantir que as preocupações, expectativas e necessidades de todas as partes são tidas em conta. Este equilíbrio é, naturalmente, complexo, mas de extrema importância no setor imobiliário em Portugal. É essencial encontrar soluções que permitam o desenvolvimento das localidades menos centrais do país, garantindo, ao mesmo tempo, a preservação da sua identidade.

O crescente interesse de várias empresas de construção e imobiliário por diferentes regiões de Portugal passa também, cada vez mais, por garantir que quem procura sair da pressão dos grandes centros urbanos irá encontrar um estilo de vida mais sustentável, não só do ponto de vista ambiental, mas também social e familiar. As necessidades de utilização dos diversos espaços da casa têm vindo a transformar-se e hoje, as construtoras e promotoras imobiliárias devem responder a diversas questões e desafios, como o teletrabalho e o equilíbrio exigido pelos mais jovens entre a vida pessoal e a vida profissional dentro de quatro paredes.

Um outro ponto que se torna relevante nesta discussão: fora de portas, é cada vez mais importante promover o desenvolvimento de espaços que favoreçam o convívio entre toda a comunidade – os que já habitavam em determinada localidade e os que chegam, fugindo das cidades maiores. Desta forma, estaremos a contribuir para a criação uma comunidade mais coesa e próxima.

Tudo isto deve ser tido em conta quando queremos avançar com a construção de novos empreendimentos imobiliários. Só assim será possível criar mais oportunidades para quem quer sair dos grandes centros urbanos, promovendo um estilo de vida mais sustentável e socialmente envolvente.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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