Opinião

Agora é que vai ser…outra vez

A propósito da iniciativa “Governo + Próximo” no distrito de Setúbal, recordei as sagas cinematográficas que, à falta de imaginação, repetem a receita do primeiro filme, na expetativa que os filmes seguintes venham a ter o mesmo sucesso de bilheteira. Mas raramente isso acontece…

As promessas do PS fazem lembrar essas sagas do cinema, sendo que à medida que o público vê o filme começa a perceber que tudo não passa de uma ilusão e de uma encenação.

O primeiro filme estreou em 2008, era então realizador José Sócrates. Através da Resolução de Conselho de Ministros (RCM) n.º 137/2008, de 12 de Setembro, considerava o Projeto do Arco Ribeirinho Sul, como um projeto “…prioritário e de elevada relevância nacional…”. Em 2009, o mesmo realizador lançou a parte dois, através da RCM n.º 66/2009, de 7 de Agosto, onde se aprova o Plano Estratégico e as respetivas propostas de intervenção. Tudo sempre encenado com umas tendas, uns figurantes a bater palmas, uns vídeos inspiradores e uns croquetes. Estas duas primeiras partes do filme tiveram algum sucesso para os socialistas, pois ganharam novamente as eleições. Para os habitantes deste distrito é que foi pior, os projetos nunca saíram dos panfletos propagandísticos do PS. Mas sabe-se como acabou esse governo de José Sócrates, com a bancarrota, que deixou Portugal à mingua e o PSD com o encargo de reerguer o país.

Em 2016, já com o realizador António Costa, vem a terceira parte desta saga de promessas. Agora reúne com os autarcas de Almada, Barreiro e Seixal e promete um investimento superior a 1,7 mil milhões de euros para a requalificação e reconversão urbanística dos territórios da Quimiparque, no Barreiro, Siderurgia Nacional, no Seixal e Margueira, em Almada. Em 2017, o realizador António Costa encena a quarta parte deste filme, compromete-se com a reabilitação do Arco Ribeirinho na margem sul do Tejo para se assumir como novo motor da Península de Setúbal. Desta vez, para lá daqueles territórios, volta a prometer a construção do novo Hospital do Seixal e acrescenta uma ponte entre o Barreiro e o Seixal e a expansão do Metro Sul do Tejo. O objetivo era claro e foi atingido: ganhar as Câmaras Municipais de Almada e do Barreiro. O objetivo eleitoral atingiu-se, as obras é que nunca saíram do papel.

Como a estratégia do embuste e da ilusão foi tendo sucesso, em Março de 2023, sem que as obras tivessem saído do papel e do powerpoint, o realizador António Costa, acossado pelas más sondagens e como um verdadeiro mestre da ilusão, veio ao distrito de Setúbal lançar a quinta parte desta saga. Agora, tal como em 2009, é o projeto do Arco Ribeirinho Sul, a travessia do Barreiro para o Seixal e do Barreiro para o Montijo, a expansão do Metro Sul do Tejo, agora até Alcochete, um novo cais fluvial na Moita, etc… 14 anos depois as mesmas promessas, as mesmas ilusões.

António Costa acrescenta promessas ao já extenso rol de promessas anteriores, na mesma medida em que crescem as listas de espera na saúde, que não resolve a falta de médicos, de enfermeiros e outros profissionais nas unidades de saúde, o problema das urgências dos nossos hospitais que fecham à vez, a ausência de soluções para a falta de professores e a falta de reforço de efetivos e meios de combate para as forças de segurança, num distrito onde os índices de criminalidade são cada vez mais preocupantes.

Com o PS tudo é ilusão e encenação, nada é concretização. Quer me parecer que nos aproximamos do final desta saga cinematográfica e, tal como nos maus filmes, vamo-nos ficar só por comer as pipocas.

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