Opinião

O milagre das canetas para emagrecer

17 março 2023 0:26

Estão “todos a emagrecer” com o medicamento para diabéticos. Comigo não funcionou. Ainda bem

17 março 2023 0:26

Sei bastante de ginásios. Quem me veja pelado no balneário a ir para o duche não perceberá o que me leva a dizer esta frase com tanta assertividade. Não estará a ver material que Miguel Ângelo pudesse usar para resgatar um David do mármore. Mas sim: há pelo menos uns 25 anos que se tornou parte da minha rotina quase diária, e rodei pelos ginásios por onde fui vivendo, de grandes a pequenas cadeias, de populares a VIP. Vi o Clube VII a aparecer em Lisboa no final da década de 1990 ou o Holmes a surgir com vista para o oceano em Cascais. Mais tarde, na crise da troika, observei e testei a investida dos low cost. Depois, a chegada dos CrossFit, e ultimamente os especializados em boxe para pipis. Fiz desde as aulas formatadas do Les Mills neozelandês, e as mil variações para se libertarem dessa multinacional, aos modismos anuais — que este ano está no animal flow. Constatei que o negócio dos ginásios passou de contratar profissionais para o modelo atual, em que são eles que pagam centenas de euros mensalmente para poderem estar com a camisola do ginásio a tentar “arregimentar” alunos. Estou fiel ao mesmo ginásio junto ao Tejo há uns anos e, sim, era suposto ter um grande cabedal, mas o facto de estar fechado em casa o dia todo de cabeça enfiada no computador e ter fúrias de açúcar noturnas anula o esforço físico do meio do dia. É o que é. Quando li que havia uma droga (mais outra) miraculosa para acabar com os chamados cravings, pensei para comigo: “Foi desta que a Ciência acertou.” Adeus, ginásio, adeus, gritos do treinador a acusar-me de ronha. Falo-vos das famosas canetas para diabéticos, que, pelos vistos, “todo o mundo” anda a usar. Fui à endocrinologista em busca da minha quota do milagre.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.