Exclusivo

Opinião

Há telhados de vidro e tetos de vidro

A mudança é lenta, demasiado lenta! Nunca será alcançada sem um compromisso de todos nós em torno da igualdade de oportunidades e com uma força constante em direção a uma sociedade mais justa e inclusiva

Em Portugal, quando nos referimos a alguém com “telhados de vidro”, estamos a questionar a reputação dessa pessoa (ou instituição), normalmente por ter cometido alguma falta ou erro no passado. Mas nos Estados Unidos da América, a expressão “teto de vidro” foi usada pela primeira vez nos anos 70 por Marilyn Loden, num contexto totalmente distinto. Em 1978, Marilyn era uma mulher de 31 anos que trabalhava nos recursos humanos da Companhia Telefónica de Nova Iorque. Durante a sua participação numa conferência feminista em Manhattan enquanto membro de um painel sobre as aspirações das mulheres, sentiu uma enorme frustração com as observações e o tom autodepreciativo das suas colegas sobre as mulheres em ambiente de trabalho. Todas, sem exceção, apontavam deficiências na socialização das mulheres e revelavam a pobre imagem que tinham de si mesmas. Marilyn Loden decidiu que tinha de reagir e, na sua intervenção, deixou claro que, apesar de ser verdade que as mulheres pareciam ser incapazes de subir na carreira acima de um certo nível, a principal barreira a esse avanço — o que chamou glass ceiling — existia por razões culturais e nunca por incapacidade pessoal de cada mulher. A sociedade como um todo era a principal responsável pelo maior travão às aspirações e oportunidades profissionais das mulheres. Com uma enorme convicção, Marylin continuou a sua intervenção explicando como este travão é quase invisível (e daí o teto ser de vidro) mas está permanentemente presente. Os exemplos pessoais que dá vão desde o chefe lhe pedir para “sorrir mais”, a comentar a sua aparência ou mesmo a informá-la de que, apesar de ter um melhor desempenho, a promoção que seria para ela iria para um colega do sexo masculino pois este era um “homem de família” e, como provedor principal, precisava mais do dinheiro.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários
Já é Subscritor?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate