Depois de 1945, os EUA e outras democracias tentaram esconder o seu passado eugenista, mas a verdade é que a Alemanha - até à loucura da "solução final" - não era uma exceção, fazia parte de uma regra ocidental - a obsessão com a eugenia enquanto ciência social capaz de limpar o tecido social, capaz de extirpar seres humanos inferiores, quer as classes pobres e inferiores, quer as raças inferiores
Ken Burns, famoso documentarista americano, lançou agora uma série documental sobre a relação entre a América e o antissemitismo e o consequente holocausto. Que fique claro: não se diz aqui que os EUA são responsáveis ou corresponsáveis pelo holocausto; defende-se, porém, outra coisa que não deixa de ser grave sobre o passado e que sobretudo não deixa de ser um aviso sobre o presente: o antissemitismo nos EUA era uma marca cultural, como aliás fica claro em livros como “Conspiração contra a América”, de P. Roth.
Os americanos acolheram cerca de um milhão de judeus, mas, tendo em conta a dimensão do país, poderiam ter acolhido muito mais. Não acolheram mais porque a maioria dos americanos não queria essa "invasão" e porque a própria imprensa de referência dos EUA tratou o holocausto como um assunto menor.
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