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Opinião

Não, não estamos em 1967

Em 1967, uma tempestade idêntica à de quinta-feira passada matou 700 pessoas. Ou melhor, o regime assumiu 700 mortos, mas esse número peca por escasso. Aqueles migrantes, portugueses e clandestinos, moravam em barracas ao lado de ribeiras como a de Odivelas e de Frielas e foram levados pelas enxurradas. Centenas de corpos ficaram espalhados nas ruas, entalados entre carros, até na copa das árvores. Reparem: as pessoas subiram às árvores mas morreram afogadas na mesma. Na quinta-feira passada, uma chuvada idêntica só matou uma pessoa. Não digam que Portugal não muda ou que Portugal não evolui, porque isso é errado e sobretudo injusto

É uma das coisas que mais me irrita: quando alguma coisa negativa rebenta em Portugal (um caso de corrupção ou uma tragédia natural), a atitude de boa parte dos portugueses é esta: “isto só neste país”, “pá, só neste país”. É uma espécie de excepcionalismo ao contrário. O excepcionalismo americano ou francês leva os respetivos indígenas a pensar que as coisas boas só podem acontecer nos EUA ou França. O excepcionalismo português assume o contrário: as coisas más só acontecem em Portugal e “lá fora” só há coisas boas. É como se os outros países não tivessem corrupção, pobreza ou cheias.

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