Opinião

Como Portugal faz espalhar os direitos humanos como uma mancha de óleo sobre a água

2 dezembro 2022 0:09

Muitos incréus e ignorantes pensaram que a deslocação de altas individualidades não era parte de um plano; ingénuas e pobres almas...

2 dezembro 2022 0:09

Podia começar como Júlio César ou quem por ele escreveu “De Bello Gallico” (em português atual “Sobre a Guerra Gálica”, ou a guerra na Gália), com a célebre — para quem a conhece — frase “Gallia est omnis divisa in partes tres”, ou seja, “a Galia está toda dividida em três partes”. Assim foi, na realidade, com o discurso homérico de Marcelo em Doha, Catar, sobre os Direitos Humanos: toda a preleção estava dividida em três partes (pelo que suspeito, por três ordens de razão, ter sido inspirada em Luís Marques Mendes, que divide todos os argumentos em três partes). Se me quisesse armar em culto, do que não necessito, porque o sou de facto, poderia dizer que essa ideia, de subdividir tudo em três partes, tem a ver com a retórica. Mesmo com a retórica pré-cristã, não sendo por acaso que na cristandade tudo tem três partes — o Pai, o Filho e o Espírito Santo; ou a Fé, Esperança e Caridade; ou, ainda, os sete pecados mortais, que são duas vezes três mais o Uno da Trindade; ou ainda os dez mandamentos, os quais são sete mais três. Esta ideia desenvolveu-se em diversas outras visões cosmogónicas e transcendentais, como a trilogia francesa Liberdade, Igualdade e Fraternidade, que os pedreiros-livres usavam (e usam), ou a declaração das testemunhas nos tribunais americanos: “Juro dizer a verdade, apenas a verdade e nada mais do que a verdade.” Outras interpenetrações existem entre a retórica e a fala comum, como a do “Um, dois, três, macaquinho do chinês” ou “Senhor presidente, senhores deputados, senhores membros do Governo”, muito usada no Parlamento.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.