9 junho 2022 0:08

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O tema não é novo mas nesta legislatura volta a ser notícia, com o Governo a anunciar um projeto-piloto neste sentido
9 junho 2022 0:08
SIM A baixa produtividade das nossas empresas não é um argumento contra a semana de quatro dias, antes pelo contrário, é a razão pela qual Portugal a deve considerar seriamente. A produtividade de uma empresa está associada à qualidade dos trabalhadores, à capacidade da gestão e à saúde da economia, e a semana de quatro dias vai melhorar as três. As empresas que a adotam como prática de gestão, em vários países e sectores, verificam que os trabalhadores trabalham mais intensamente nos outros dias. Reduzem-se os erros e acidentes, o absentismo e a rotatividade de mão de obra, com todos os custos associados. Portugal, um dos países europeus onde se trabalha mais horas por semana, é dos países com mais alta incidência de burnout, acidentes de trabalho, e onde se fazem milhões de horas extraordinárias. Percebemos bem a importância do descanso para jogadores de futebol, porque não para todas as outras ocupações?
A semana de quatro dias não se resume ao corte de horas de trabalho, mantendo tudo o resto igual. As empresas usam-na como uma oportunidade de reorganização, adotando mais modernos processos e máquinas, que de outra forma seriam difíceis de adotar. Envolve um contrato implícito entre a gestão e os trabalhadores para que, todos juntos, melhorem a empresa. Andrew Barnes, um dos empresários pioneiros desta prática, defende a regra 100-80-100: os trabalhadores recebem 100% do salário, trabalham 80% do tempo, desde que alcancem 100% dos resultados. E conseguem.