Os ministros estavam estoirados, os deputados arrastavam-se, os olhos caíam, as bocas abriam, o último debate no Parlamento antes de férias foi um bocejo, todos exaustos com isto da pandemia, todos, quase todos, todos menos um, o que energicamente anunciava “Saúde €1383 milhões! Educação €900 milhões! Habitação a fundo perdido!”, o primeiro-ministro tomou as vitaminas e, triunfal, ali mudava de discurso político, “Pobreza, ação escolar, emprego? €8600 milhões. Digitalização, inovação, qualificações? €15.500 milhões. Ciência e Inovação? €1100 milhões”, António Costa falava com a desenvoltura súbita de um pós-falido que recebe uma herança e num átimo recupera a prosápia da opulência, e mais “o dia histórico da ferrovia, o 5G, o mar, a cultura”, nem a metade aqui chegamos, Costa já foi ao banco levantar o PRR, descontar o PT 2030, a oposição nem sabe o que dizer, vai que é tua, Costa, agora ninguém o agarra.
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