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Opinião

A guerra civil de 21

O assassínio do chimpanzé Erroll em Ngongo e as lições para o nosso tribalismo

Houve um ponto de inflexão, o momento em que já não havia como voltar atrás. A guerra civil era inevitável. “Erroll”, um elemento de baixa posição hierárquica de 15 anos foi violentamente assassinado por três machos da fação ocidental. O ataque foi brutal, “Erroll” ficou desfeito, ossos e entranhas à mostra. Há fotos do ataque. Já tinham todos pertencido à mesma comunidade de chimpanzés do Ngongo (Uganda), mas o número de membros tinha crescido de tal forma (mais de 200) que se tinham dividido em dois clãs de forma a procurar árvores de fruto em zonas diferentes. Havia tensão crescente e hostilidade entre as fações. Mas os cientistas que acompanham estes primatas há mais de 20 anos não esperavam que descambasse numa onda de violência letal de ataques e vinganças entre os grupos. “Durante anos lutei para aceitar esta descoberta”, escreveu a pioneira primatóloga Jane Goodall. E a descoberta é a de que os chimpanzés declaram guerra uns aos outros. Disse-o ao reportar um destes conflitos em Gombe (Tanzânia) em janeiro de 1974 quando assistiu ao assassínio do chimpanzé “Godi”. Que comparou à morte do arquiduque Francisco Fernando da Áustria em 1914 e que espoletou a I Guerra Mundial, relata o “El País”. O homicídio de “Godi” deu origem ao primeiro conflito conhecido entre primatas não humanos com o objetivo declarado de matar rivais.

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