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Opinião

Mário Eloy

Mário Cláudio publica no Expresso uma série de crónicas inéditas dedicadas a portugueses marcantes, desde a Idade Média até à contemporaneidade. Começa com o retrato de Dona Joana de Eça, de autor desconhecido do século XVI, e terminará com Mário Soares, pintado por Júlio Pomar. Há uma subtil diferença nos textos. Nos autorretratos, a voz é a do narrador. Nos retratos, a voz é a do retratado. Mário Cláudio é o único autor português a receber por três vezes o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores

Implanta-se a três quartos defronte do espelho, oculta a orelha sinistra, e lança ao mundo a suspeita de que, ele também, a terá cortado, possesso do etílico ciúme do génio comum. De olhos esbugalhados no pavor da fala, refugia-se na arrogância do perseguido, do anómalo, e do indecifrável. Pudesse a coragem ampará-lo, optaria pela fuga, de pernas e braços ensarilhados, insecto derrubado, e incapaz de se levantar. Na exiguidade do atelier defende-se do frio que nasce de dentro, e que ele enfrenta com sucessivos abastecimentos de ripas à salamandra.

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