Mário Cláudio publica no Expresso uma série de crónicas inéditas dedicadas a portugueses marcantes, desde a Idade Média até à contemporaneidade. Começa com o retrato de Dona Joana de Eça, de autor desconhecido do século XVI, e terminará com Mário Soares, pintado por Júlio Pomar. Há uma subtil diferença nos textos. Nos autorretratos, a voz é a do narrador. Nos retratos, a voz é a do retratado. Mário Cláudio é o único autor português a receber por três vezes o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores
Nunca me agradaram os dias de Verão, quando o calor me obriga a erguer a fímbria do vestido, a refrescar-me com um palmito, e a dessedentar-me com sucos de laranja. Desde sempre o frio habita em mim, e na harmonia com que nele moro, amiga do arrepio que me inteiriça o corpo, e me robustece o espírito. Na nossa Quinta da Boavista, tentando descortinar os peixes vermelhos do tanque, sobreviventes à película de gelo da superfície, habituei-me à solidão das raparigas desgraciosas, ignoradas pelas companheiras de suas manas.
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