Política

"Demagogia criminosa": Assis ataca propostas do Governo sobre imigração e sugere que PS deve ser "radical" e ficar de fora

"Demagogia criminosa": Assis ataca propostas do Governo sobre imigração e sugere que PS deve ser "radical" e ficar de fora
TIAGO MIRANDA

Francisco Assis diz que o PS não deve dar a mão ao Governo na política de imigração, por entender que o Governo está a entrar pelo caminho perigoso da "demagogia criminosa". Sobre presidenciais, acha que Gouveia e Melo perde votos sempre que fala e que o balão vai esvaziar

"Demagogia criminosa": Assis ataca propostas do Governo sobre imigração e sugere que PS deve ser "radical" e ficar de fora

Rita Dinis

Jornalista

O eurodeputado socialista e ex-presidente do Conselho Económico e Social é muito duro na avaliação que faz das políticas de imigração que o Governo de Luís Montenegro está a seguir e recomenda ao PS que, nisso, seja "radical" e se ponha de fora de qualquer negociação com aqueles pressupostos. É "demagogia criminosa", acusa.

No entender de Francisco Assis, que falou em entrevistaao podcast da Antena 1 "Política com Assinatura", o Governo está a misturar a lei da nacionalidade com o tratamento da imigração de uma forma que provoca "perceções e sentimentos negativos" e, nesse sentido, está a fazer exatamente o que o Chega faria. "Não se trava a demagogia incentivando a demagogia", diz.

"O PSD e o Governo estão a promover um discurso cada vez mais parecido com o do Chega, e estão a fazer essa opção de seguir por um caminho perigoso. Havendo imigrantes, por mais regulação que haja, há sempre espaço para manipulação demagógica", diz, sugerindo por isso, das duas uma: "Ou os grandes partidos democráticos se entendem sobre isso e fazem exatamente o mesmo discurso sobre o assunto, ou estamos a favorecer partidos extremistas como o Chega".

Segundo Francisco Assis, esta é mesmo a "área mais débil de atuação do Governo" e, com isso, o PS não deve pactuar. "Nisto o PS tem de ser radical e tem de dizer que não aceita este caminho e que não esta disponível para pactuar com este tipo de respostas demagógicas, erradas e perigosas", afirma, lembrando que a Europa, e Portugal, precisam de imigrantes, o que tem de haver é garantias de integração e investimento público elevado e direcionado.

Segundo Assis, José Luís Carneiro é o líder do PS certo para lidar com estas guinadas à extrema-direita. Tem uma noção muito exata da forma como se deve combater esse discurso”, diz, e acrescenta: “Não vai ceder um milímetro que seja”. Francisco Assis deverá fazer parte da direção de Carneiro quando forem eleitos os novos órgãos do partido e vai, desta forma, ao encontro do que ontem o secretário-geral socialista já tinha dito à saída de uma audiência em Belém: como está, lei da nacionalidade não passa com o voto a favor do PS.

“Sobre a legislação que o Governo apresentou à Assembleia da República, aquilo que nós dizemos é que, consoante ela está hoje, não tem condições para ter o voto favorável do Partido Socialista. É preciso que o Governo abra a possibilidade de poder haver uma discussão sobre as matérias que estão em apreço”, defendeu José Luís Carneiro esta terça-feira, ao mesmo tempo que se mostrava disponível para "servir os interesses do país" e anunciava que iria pedir uma audiência com o primeiro-ministro.

Gouveia e Melo "perde votos sempre que fala" e pode não ir à segunda volta

No que diz respeito às eleições presidenciais de janeiro, e não obstante o almirante Henrique Gouveia e Melo continuar a liderar todas as sondagens (ainda que tenha vindo a perder gás), Francisco Assis acredita que isso pode ser sol de pouca dura e que a aura se vai esbater. "Acho que vai haver uma grande surpresa e que o almirante não vai à segunda volta: acho que sempre que fala perde votos e as pessoas vão perceber que não tem a menor preparação para um cargo como o de Presidente da República", diz.

Muito crítico da candidatura de Gouveia e Melo, e apoiante assumido do socialista António José Seguro, Francisco Assis diz que Gouveia e Melo é um candidato de "plástico". "Estamos perante uma pessoa respeitável e estimável, mas que não tem a menor cultura política, tudo se vê que é plástico ali, e quando fala, afasta. A política é o regime da palavra, não do silêncio, ninguém elege ninguém com base nos seus silêncios", diz.

"Basta ver os apoiantes do Almirante: ou são figuras retiradas, por boas ou muitas vezes por más razões, ou são apoiantes que correspondem a interesses económicos, que também importa perceber porque é que lá estão", acusa. Para o eurodeputado, a segunda volta será com António José Seguro e Luís Marques Mendes, "e no fim ganha Seguro".

Sobre a candidatura do ex-secretário-geral do PS, Assis entende ainda que o PS vai acabar por dar o seu apoio formal, apesar das hesitações. Eu não tenho a mais pequena dúvida de que o PS, quando tiver que tomar uma posição, vai apoiar António José Seguro”, diz, explicando que os militantes socialistas querem Seguro como candidato do PS a Belém e não há líder de um partido que sobreviva um dia que seja se for contra a vontade dos militantes.




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